Solange Carvalho
Mestre em Linguística/UFPE
Carlos Cordeiro
Mestre/Ciências da Linguagem/Unicap
1 Introdução
Este artigo trata do estudo variável dos ditongos decrescentes orais (ai, ei, ou) em sala de aula, como sugestão metodológica aos professores a ser aplicado em suas salas de aula. O objetivo precípuo do trabalho é levar o professor a instigar os alunos na busca da compreensão da Língua Portuguesa falada no Brasil, a partir do conhecimento da variação e mudança linguística. Acreditamos que a aceitação dessa diversidade, sem preconceito, venha a favorecer o processo ensino-aprendizagem.
A educação no Brasil alimenta o preconceito linguístico quando apresenta uma escola que impõe o ensino da gramática normativa, em que o aluno se vê quase que obrigado a memorizar uma gama de regras, cuja dificuldade fulcral é a distância do uso natural da fala. O falante acredita que a sua “deficiência” está relacionada a sua capacidade cognitiva, achando-se inapto ao aprendizado da língua nativa. Alguns passam a se policiar para não se descuidarem da chamada norma padrão e tornam-se seguidores fiéis dos gramáticos, disseminando assim o preconceito linguístico.
Além do mais, a possível má formação dos professores não contribui para a dissipação de mitos e preconceitos que criam uma ideologia conservadora que instaura nos falantes certa aversão à linguística, até entre os reconhecidamente cultos (BAGNO, 2005, p.78)
Certo estava Gilberto Freyre quando transcreveu nos muros Fundação Joaquim Nabuco, as palavras de João Cabral de Mello Neto: “Ninguém escreveu em português no brasileiro de sua língua”. Desta forma, cabe ao professor, em sua prática pedagógica, esclarecer o aluno a distinção entre o Português do Brasil e o Português falado em Portugal.
É pertinente dizer que a tendência ao apagamento do ditongo já é objeto de estudo de vários pesquisadores linguistas, atestados em várias regiões do Brasil, a saber: Cabreira (1996), que reconhece o apagamento do ditongo /ow/ como categórico na fala espontânea do Português do Brasil, atestados em todos os contextos nas cidades de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre; Farias e Morais (2002), que estudou o ditongo ow e ey na mesorregião do Pará; Carvalho (2007), cuja pesquisa empírica atesta o apagamento dos ditongos decrescentes orais na fala do recifense, entre tantos outros. Todos esses estudos seguiram os pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística variacionista de Labov (1972).
Ressaltamos a relevância do ensino de processos fonológicos como o apagamento do ditongo na esfera discursiva do professor em sala de aula. Para este estudo, consideramos a variável social escolaridade
Levantamos, (Seção 5) algumas sugestões de prática de ensino do ditongo como estudo variável, em que os alunos – participantes ativos do processo ensino-aprendizagem – poderão observar as diferenças entre o ditongo estudado na gramática e o ditongo observado pelo falante da língua, em situação natural de fala. A partir das atividades realizadas, o aluno terá condições de perceber as lacunas entre a fala e a escrita, observando também que muitas vezes o que o professor tradicional chama de “erro”, na verdade é apenas um reflexo do uso da língua.
Por fim, tecemos algumas considerações finais sobre este estudo, em que pese ser preliminar, forneceu ao ensino do Português falado no Brasil uma contribuição relevante.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
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